Perfil com a economista Virgínia Eickhoff Haag, diretora da Global Compass, de São Paulo. Virígia esteve em Porto Alegre no dia 22 de novembro para palestrar durante o Panorama SOFTSUL, no TECNOPUC.
1) De que forma as empresas de TIC podem melhorar resultados através de uma boa gestão e planejamento para enfrentar o mercado internacional?
Por demandar das empresas a adoção de padrões globais de atendimento e serviços, a internacionalização alavanca o potencial de crescimento da empresa como um todo, inclusive no mercado interno, seja pela melhoria da qualidade seja pelo aumento da produtividade, permitindo-a trilhar caminhos que antes não eram possíveis e melhorar seus processos internos de planejamento e gestão.
2) Na sua visão, quais as dificuldades que as pequenas empresas de TIC/Serviços enfrentam para exportar?
As principais dificuldades relacionam-se com:
– falta de conhecimento e visão estratégica das oportunidades no mercado externo;
– não percepção em relação ao seu real potencial frente ao mercado externo (o quanto suas vantagens competitivas no mercado brasileiro podem se repetir no mercado internacional)
– não desenvolvimento de competências críticas para a internacionalização em seus times, tais como: competências interculturais, prospecção de oportunidades de negócios, gestão de parceiros internacionais, inteligência de mercado, gestão de alianças estratégicas, coordenação de equipes multiculturais, entre outras;
– falta de processos internos que permitam a entrega de produtos e serviços de acordo com os padrões globais;
– cultura empresarial muito centrada no controle da empresa por seu dono;
– não pertencimento a redes internacionais de P&D.
3) A SOFTSUL é responsável por gerir o Programa SOFTEX no RS, que visa o aumento da competitividade das empresas do setor produtivo de Tecnologia da Informação e da Comunicação, especialmente da indústria brasileira de software. Na sua opinião, qual a importância do trabalho da uma agência de fomento à pesquisa e inovação para o setor de TI?
Fundamental. O trabalho da SOFTSUL pode viabilizar e facilitar a internacionalização de empresas de pequeno porte, através de programas que envolvam:
– prospecção de mercado (informações sobre as características do mercado, potenciais clientes e parceiros);
– conexão com redes internacionais de P&D, que possibilitariam o co-desenvolvimento de produtos a partir da recombinação de competências com parceiros de outros países, facilitando a entrada em novos mercados e construindo maior credibilidade em torno da empresa;
– capacitação dos profissionais, incluindo: mudança de mindset, desafios e complexidade de empresas globais, acesso a novos mercados, global innovation, alianças estratégicas;
– criação de plataformas conjuntas e compartilhadas de comercialização de produtos e serviços.
Sem dúvida, uma atuação pautada por estes pilares contribuiria para viabilizar a participação das empresas no mercado internacional, reduzindo o tempo e custos para tanto. Além disso, a competitividade das empresas poderia ser rapidamente alavancada.
4) De que forma as empresas de TIC podem aumentar a competitividade diante deste momento de muitas mudanças na economia do país?
Conectando-se a redes internacionais de P&D. No atual contexto global de incerteza e volatilidade, as empresas não podem se arriscar a estar vinculadas ao potencial de crescimento de um único país e aos seus fatores sistêmicos. Elas precisam identificar oportunidades e condições sistêmicas mais favoráveis a um crescimento sustentável e estável, recombinando suas próprias competências e criando novas, através de acesso: a clusters de excelência nas áreas que atuam; fontes de financiamento internacionais aos seus projetos; condições macroeconômicas mais favoráveis e estáveis; países que proporcionam melhores e maiores conexões com redes de pesquisa e mercados de maior potencial; melhores plataformas de comercialização de produtos e de marketing. Desta forma, as empresas poderão gerar produtos de maior valor agregado mais rapidamente, acelerar seu crescimento e até mesmo seguir caminhos que não eram possíveis até então.
